paishabilitar/ Setembro 15, 2019/ Diário de Aveiro, opinião inclusiva

Brincar ao ar livre é saudável… e também inclusivo!

Crónicas inclusivas: Uma parceria Pais Habilitar e Diário de Aveiro

Estamos no Verão, momento apropriado para aproveitar o bom tempo e realizar brincadeiras e actividades ao ar livre.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, “as vantagens de brincar ao ar livre verificam-se a vários níveis. Ao favorecer a atividade física, constitui uma estratégia na prevenção da obesidade. Intelectualmente, estimula a aquisição de competências, treino da atenção e capacidade de resolução de problemas. No plano emocional e social, brincar proporciona diversas situações em que é testada a relação de pares, permitindo desenvolver a resiliência. Além disso, ao transferir para a brincadeira objectos ou fenómenos da realidade externa, a criança constrói as bases para a compreensão de si própria e do mundo, expressando os seus medos e frustrações, mas também a sua criatividade”. Os estudos apontam que cerca de 75% dos jovens adultos, ao recordarem as suas brincadeiras, recordam atividades ao ar livre.

As famílias, os jardins de infância e as escolas tem um papel fundamental nestas recordações.

Como sugestão, ficam os passeios nos parques, jardins, no campo ou na praia, a pé, de bicicleta ou de triciclo, a realização de actividades orientadas em espaços livres (jogos, expressão plástica, actividades sensoriais, cuidar da horta e de animais domésticos…) e até refeições ao ar livre (deliciosos e animados piqueniques entre família e amigos) para mais tarde recordarem.

Nos dias de hoje, encontramos poucos pais que brincam ao ar livre com os seus filhos, o que faz com que as crianças estejam muito tempo dentro de casa e recorram, assim, com muita facilidade, às novas tecnologias. Apesar de existirem jogos tecnológicos com algum interesse, o acesso a esses jogos é habitualmente solitário e a interação com a família fica muitas vezes reduzida.

É então importante que os pais criem alternativas que substituam os videojogos e o acesso fácil à televisão por brincadeiras que lhes permitam mexer, correr, saltar, “libertar toda a sua energia”, num ambiente saudável e apelativo.

Brincar ao ar livre também é para todos!

Brincar ao ar livre é intergeracional, inclui dos mais novos aos mais velhos, aos mais diferentes.

Não desperdicemos o prazer da brisa fresca no rosto, o piar das gaivotas, as cores dos moliceiros, os cheiros das ervas aromáticas, os ruídos das folhas secas estaladiças ou das cascatas, o toque da erva fresca… Antes, disfrutemos intensamente da estimulação dos sentidos em família, com amigos, todos incluídos, para que a alegria que vamos descobrir no rosto das nossas crianças seja mesmo contagiosa.

Seria bom que o prazer da vivência ao ar livre mais intenso nas férias de verão pudesse ser arrastado para o outono, para o inverno e para a primavera, com mais agasalhos e/ou impermeáveis, mas com o mesmo prazer.

Seria bom que as famílias incentivassem os jardins de infância e as escolas a promoverem cada vez mais o “brincar ao ar livre” como estratégia muito importante de promoção de saúde e bem-estar das nossas crianças.

Boas férias!

Dulce Seabra
Médica de Saúde Pública, APAH

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