Estimular a NOSSA sociedade
Crónicas inclusivas: Uma parceria Pais Habilitar e Diário de Aveiro
– Quando se deteta assim tão cedo, é porque é pior, não é doutora?
– Cada vez mais se deteta mais cedo… O que nós sabemos, é que quanto mais estímulos receber, mais pode evoluir e se desenvolver.
É assim que começa a grande luta de quem tem uma criança com PND (Perturbação do Neurodesenvolvimento). E chamo-lhe luta, porque infelizmente a nossa sociedade ainda não está preparada para acolher, habilitar e integrar estas crianças. Crianças hoje, que amanhã serão adultos. Fazem e farão parte da NOSSA sociedade como indivíduos que são. Quanto mais autónomos e capacitados forem, mais contributos poderão dar.
Os estímulos que estas crianças precisam vão muito mais além das terapias diretas que lhes possamos dar. Todo o quotidiano da criança passa a ser direcionado para que ela receba as melhores aprendizagens que conduzam à melhor capacitação e autonomização.
Na escola, é fundamental existir a aceitação por parte do educador/professor e a capacidade para trabalhar e criar a interação grupal destas crianças na turma. A partilha e troca de aquisições entre crianças com necessidades, competências e tempos de aquisição diferentes são um cenário real. As aprendizagens provenientes desse contato são muito proveitosas para ambas as partes. Há que capacitar estas crianças e, sem dúvida que isto passa, em primeira linha, por habilitar quem lida com elas…os professores/educadores, e também os pais, que falarei mais à frente.
Outra vertente dos estímulos é a aptidão terapêutica para incluir a família e os pares na abordagem à criança. A linguagem dos intervenientes deve ser igual, num mesmo sentido, facilitando, otimizando e proporcionando a melhor compreensão por parte da criança. E assim, com estímulos eficazes, conseguir evoluir positivamente, alcançando várias etapas do desenvolvimento. Este, é um papel exímio do(s) terapeuta(s) que aplica(m) a terapia directa e indirectamente. Sendo que esta última se reflecte nos familiares, educadores/professores e outros pares.
Mas para que os pais sejam capazes de responder às exigências de ter um filho diferente, não basta existirem… Não basta ouvirem o que o terapeuta diz… Não basta ouvirem o professor do filho… Não basta estarem presentes nas consultas médicas da criança. Têm, como pilar principal, que estar bem com eles próprios e com a situação perturbadora de ter um filho com PND. É fundamental que haja apoio dirigido, esclarecedor e tranquilizador aos pais, irmãos e outros pares destas crianças, para que o acompanhamento, o cuidado, e a presença daqueles para com estas seja normal.
Tudo isto não pode ser dependente apenas da boa vontade de quem surge no caminho da criança. Quer seja pai, mãe, médico, terapeuta, ou outro. Estamos perante um assunto de Responsabilidade Social. Numa sociedade onde se proclama a igualdade, a diversidade, a inclusão, façamos destes temas, mais do que meras palavras. A NOSSA sociedade, quanto mais estímulos receber, mais pode evoluir e se desenvolver.
Ana Rita Regala
Mãe do Diogo
Associação Pais e Amigos Habilitar